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19 de agosto de 2003


Pra quem curte legião, acho que este é um dos albuns mais marcantes da banda. Pelo menos é um dos que eu mais gosto de ouvir. Praticamente não me canso pois ele mescla bem as diferentes fases do Legião, apesar de ser apenas o segundo albúm da banda. Lançado em 1986, quando este que vos escreve tinha apenas 6 aninhos de idade, o albúm contém sucessos como Eduardo e Monica e Indios, contrastando com as menos famosas Acrilic on Canvas e Andrea Doria. E é justamente sobre essas duas últimas que eu dedico esse post.

Quando mais jovem eu desejava ser desenhista. Até tinha um pouco de talento pra coisa, fiz meus rabiscos, entrei na faculdade de desenho industrial, mas desisti antes de chegar a criar algo de interessante. Não me arrependo de ter trocado de carreira. Mas as vezes penso como seria se eu tivesse desenvolvido esse dom de pegar um papel e uma caneta e criar vida através da imagem. Gostaria de criar tirar como a do gato Garfield ou do Dilbert.

A música Acrilic on Canvas, porém, sempre me lembra de um dos maiores defeitos que eu tive, nunca soube desenhar a forma feminina. "É saudade, então / E mais uma vez / De você fiz o desenho / Mais perfeito que se fez...". Saudades da minha amada, vontade de diminuir a saudade desenhando suas formas. Poucas vezes acertei nos meu esboços da anatomia feminina. Traços delicados, formas perfeitas e marcantes. O corpo da mulher esta mais próximo da perfeição, em termos de beleza.

Andrea Doria é outra música que adoro. Algumas frases fortes que exprimem o sentimento que muitos sentimos em algum momento da vida. E apesar de nenhuma música do Legião ser verdadeiramente alegre, acho que essa é uma que consegue me fortalecer. "...Nada mais vai me ferir / É que eu já me acostumei / Com a estrada errada que segui / E com a minha própria lei..." Por diversas vezes me senti no caminho errado, apesar desta frase soar um pouco conformista, afinal de contas ele se acostumou com a estrada "errada", ela denota a consciência adiquirida sobre o caminho a seguir e a força necessária para ultrapassar os obstáculos, nada mais vai me ferir. São tantas as feridas que sofremos ao longo da vida que seria impossível não se ferir mais, apenas se deixassemos de sentir. Vou parar com o meu devaneio por aqui e deixar vocês com a letra da música.

Andrea Dória
Letra: Renato Russo
Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá

Às vezes parecia que, de tanto acreditar
Em tudo que achávamos tão certo,
Teríamos o mundo inteiro e até um pouco mais:
Faríamos floresta do deserto
E diamantes de pedaços de vidro.

Mas percebo agora
Que o teu sorriso
Vem diferente,
Quase parecendo te ferir.

Não queria te ver assim
Quero a tua força como era antes.
O que tens é só teu
E de nada vale fugir
E não sentir mais nada.

Às vezes parecia que era só improvisar
E o mundo então seria um livro aberto,
Até chegar o dia em que tentamos ter demais,
Vendendo fácil o que não tinha preço.

Eu sei - é tudo sem sentido.
Quero ter alguém com quem conversar,
Alguém que depois não use o que eu disse
Contra mim.

Nada mais vai me ferir.
É que eu já me acostumei
Com a estrada errada que segui
E com a minha própria lei.

Tenho o que ficou
E tenho sorte até demais,
Como sei que tens também.

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