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2 de dezembro de 2003

Um olhar distraído

Ele olhou ela passar. Ficou parado enquanto ela andava por aquela rua movimentada, seguindo seu caminho, para longe dele. Ela passou. Mas não com indiferença, como passam centenas de transeuntes pelo centro da cidade em um dia de trabalho. A direção do olhar dela foi atraída para ele. Seus olhos se encontraram por breves instantes. Ela sorriu. Ele achou ter encontrado o que tanto buscava. Sua alma sorriu. Um sorriso pleno. Breves segundos pareciam durar uma eternidade enquanto ele pensava nas possibilidades. Então sorriu de volta para ela. Que já não estava mais lá. Já havia passado. Seguiu seu caminho. Ocupada. Com passos apressados continuou a andar, mas não sem antes olhar rapidamente para trás para ver se encontrava novamente aqueles olhos. Olhos que também já não estavam mais lá.

Ambos seguiram seus caminhos. A rotina e a pressa, suas inimigas. Almas que se encontram e se perdem no intervalo de poucos segundos.

VOCÊ EXISTE, EU SEI
Biquini Cavadão

Há tanto tempo venho procurando
Venho te chamando
Você existe, eu sei

Em algum lugar do mundo você vive
Vive como eu
Onde eu ainda não fui

Como é o seu rosto
Qual é o gosto que eu nunca senti
Qual é o seu telefone
Qual é o nome que eu nunca chamei

Se eu esbarrei na rua com você
E não te vi, meu amor,
Como poderia saber

Tanta gente que eu conheci
Não me encontrei, só me perdi
Amo o que eu não sei de você

Como é o seu rosto
Qual é o gosto que eu nunca senti
Qual é o seu telefone
Qual é o nome que eu nunca chamei

Sei que você pode estar me ouvindo
Ou pode até estar dormindo
Do acaso eu não sei
Talvez veja o futuro em seus olhos
Pelo seu jeito de me olhar
Vou me reconhecer em você.

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