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19 de abril de 2004

Penso logo desisto

Você já saiu do cinema com vontade comentar algo relevante que você sacou sobre o filme? Algo além do óbvio. Ou alguma idéia que você teve com base na sua experiência de assistir ao filme. Já aconteceu algo assim com você?

Se você acha que não, ou não entende o que estou falando, tenha calma, isso é normal. Agente não está acostumado a fazer uso dos filmes dessa forma. Muitos especialistas no assunto, ou "críticos profissionais", têm sempre algo pra falar sobre o filme. A maior parte das pessoas sabe dizer se gostou ou não do filme. Mas não é sobre nenhum desses casos que eu estou me referindo.

Talvez seja algo próximo ao trabalho dos críticos, porém como eu falei é um trabalho, algo feito de forma profissional. Existem regras para os críticos, tais como: os críticos não podem entregar os finais dos filmes, tão pouco seus segredos. E é sobre o que está por trás dos filmes que eu quero falar. O ponto é: senso crítico está relacionado com o que eu pretendo expor. E o senso crítico é sempre bom quando vem acompanhado de uma capacidade inerente às pessoas (porém pouco usada): a capacidade de pensar.

Sabe aquela frase "Penso logo existo"? Acho que há muito tempo ela já foi trocada na mente das pessoas por uma frase bem mais "atual". Pensar é coisa do passado. E a propaganda já deixou isso claro pra todo mundo. A versão atual da frase que define a existência humana é: "Consumo logo existo".

O próprio cinema que eu peguei como exemplo muitas vezes é apenas mais uma arma da propaganda. Porém eu citei o cinema por achar que ele está no meio do caminho entre a alienação completa (no caso a TV se aproxima mais desse extremo) e a arte "pura" (talvez os livros estejam mais próximos).

A necessidade de consumo é inserida no ser humano das formas mais eficientes. E sendo a imagem tudo em um mundo de aparências, então que venham os vendedores de imagens e suas novelas cheias de comerciais explícitos e implícitos. Ditando não só moda, mas como também modo de vida. Vendendo o supérfluo enquanto o essencial é deixado de lado pela passividade com que as pessoas lidam com o mundo ao seu redor.

Não interprete errado a última frase. Quando falo em passividade não quero contradizer meus posts que citam a violência do ser humano. Não estou dizendo que somos pacíficos e sim que somos passivos. Deixamos que os outros pensem por nós. É mais fácil. Deixamos que nos digam o que fazer, pois estamos perdidos, Vencidos.

E onde está a capacidade de pensar, criar, fazer diferente???

Um comentário:

Mabi* disse...

Amei a forma como voce escreveu sobre esse assunto!

"A necessidade de consumo é inserida no ser humano das formas mais eficientes. E sendo a imagem tudo em um mundo de aparências"

o inverso tambem é veridico,vivendo num mundo de aparências a necessidade de consumo é impresindivel!